sexta-feira, 27 de julho de 2007

um olhar sobre a periferia

Recentemente eu decidi retomar a minha vontade de fazer mestrado, pesquisar algo, produzir conhecimento. Acordei com isso martelando em minha cabeça um dia, dois, três. E não achava resposta para algo que me emocione, me impulsione. Nisso, nessa confusão de idéias, continuar com o Hip Hop, o movimento visto pela mídia, meios de comunicação? Sei lá, aí fui olhar os meus livros, ganhei vários nos últimos meses, olhei para um "Cenas da Favela", lembrei que tinha outro, uma revista que trazia um amontoado de artigos que debatem esse tema: a favela. Esse leva o nome de Periferia. Na verdade eu nunca entrei em uma favela "de verdade", coloco entra aspas porque todo mundo tem uma visão estereotipada do que é uma favela, aquelas famosas cenas do alto, de um amontoado de casas morro acima, algumas de madeira, outras de concreto, as lages, e um monte de criança correndo descalça. As maiores favelas são assim mesmo, pelo menos é o que parece, mesmo vista de dentro como acontee em alguns filmes, clipes e etc...Essa eu só vi assim mesmo, na tela, na telinha e na telona. Mas, eu entrei sim em favelas na minha cidade, chamados de bairros de periferia, Fortunato Rocha, Jardim Nicéia. Morei em um também, mas, há que diga que esse não é tão periferia assim, vai saber...Não sei, mas sempre tive interesse por essas pessoas, que sorriem mesmo com o pouco que tem, pessoas reais, eu as vejo assim. Pessoas que quando você chega sabe que você não é de lá, mas, te olham com um olhar de espanto, querendo saber o que trouxe para eles e não com olhar de desprezo. Guardo sempre um sorriso, na foto, os meninos comendo cachorro-quente. No entanto, eu não acredito em assistencialismo da forma como as pessoas vêem. Eu acredito em troca, em ações que você que faz e quem recebe levam para a vida toda. Produção de conhecimento, conhecimento é única coisa que você ganha e nunca perde, e quem dá não fica com menos. Voltando ao foco...eu tenho essa mania eu começo a escrever o que vem a cabeça e depois nem sei mais o que queria dizer mesmo... o mestrado. Resolvi que poderia ampliar o que estudei, o movimento Hip Hop nasce na periferia e eu desde meu projeto de iniciação científica mergulhei nisso, na cultura, na história, na parte social que é intrínseca e influência de todas as formas as manifestações culturais. Pensando nessa forma, resolvi que esse seria o local, a representação da periferia pelas pessoas que a conhecem muito bem, de dentro e sabem muito bem a riqueza que ela pode oferecer. Nessa idéia dois escritores eu admiro, um é filho do movimento também, o acompanha de perto e faz um retrato real, emocionante e recente da periferia de São Paulo, o outro eu conheci graças ao professor de língua portuguesa na primeiro ano, depois graças ao meu grande amigo de faculdade que o pesquisou durante mais de um ano, esse retrata os subúrbios da mesma cidade, com sua ruelas,bares,mesas de sinuca e personagens intrigantes. Dois retratos, dois tempo diferentes, mas a mesma forma detalhista e emocionante e real de descrever e retratar um ambiente conhecido de forma geral como PERIFERIA. Muitos passos ainda tem que ser dados para se estabelecer um plano, um projeto de pesquisa, mas, alguma coisa eu sei, quero que seja algo real também, de alguém que conheceu um pedaço apenas, mas, tem a cabeça aberta para apreender todas as fatias dessa realidade periférica.

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