Eu...algumas palavras que me definem: jornalista, apaixonada, insegura, ansiosa, amiga...um sentimento que me move todos os dias: saudade..saudade imensa de tudo que eu vivi, que eu vivo e que eu vou viver...fiz isso para poder escrever, uma coisa que eu gosto, desde criança...deve ser por isso que escolhi ser jornalista...
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
a elite e sua tropa e meus devaneios
Eu falei que ia escrever sobre o minhas impressões do programa roda viva com Mano Brown, mas, me aconteceu algo no caminho. Eu fui assistir o filme Tropa de Elite. Fazia tempo que eu não saia de uma sessão tão arrasada, a noite eu nem conseguia dormir, ficava pensando em toda aquela ficção criada a partir de uma realidade, ou uma realidade ficcional, uma ficção real, sei lá é um tanto difícil descrever a sensação de tensão que passei. Depois aquela sensação de que mundo é esse que a gente vive, coisa mais ingênua de quem não se tocou da realidade que vivemos. Mas, não é isso que eu senti não, não uma visão inocente, não foi isso, foi um sensação de impotência diante de um mundo onde todos são culpados. A gente saí do cinema revoltado, no entanto, depois de cinco minutos estamos pensando em que vamos fazer depois, tomar sol na sexta de feriado, fazer algo no fim de semana. Seguimos nossa vida como se aquilo não fosse nossa responsabilidade também, como se só porque fuma um baseado de vez quando isso não te faz responsável e umas das pontas desse esquema de criminalidade gerado pelo tráfico. Aí pensei na profissão que eu escolhi pensei no que nós fazemos para melhorar isso, nós os formadores de opinião, depois pensei no meu mestrado, fiquei com vontade de não fazer mais nada, ficar sentada na poltrona num dia de domingo esperando a morte chegar. Mais tarde você se toca e vê que é um filme, uma visão sobre algo que pode ser verdade ou não. Como nós somos curiosos ou alguns de nós, tudo que é relativo a algo que nos marca chama atenção de algum modo. Comecei a ver a opinião, a leitura de várias pessoas acerca do filme e, enfim, nós concluimos que cada um vê sob a perspectiva que mais lhe convém. Para alguns o Capitão Nascimento é personificação de um herói, aquele que falta a nossa sociedade, para outros o filme é reacionário ao mostrar o playboy que fuma maconha como culpado e a truculencia da polícia como a única forma de salvação. Preconceituoso ao mostrar uma classe média sem senso crítico algum, perigoso ao banalizar a violência. Mas, no fundo se torna reacionário, preconceituoso, perigoso porque a sociedade que frenqüenta os cinemas é assim. Os garotinhos que aplaudem o Capitão Nascimento são assim. Nós banalizamos há muito tempo a violência. No fim ninguém repara no mais importante, no quanto é difícil viver conforme a nossa consciência, do quanto é preciso ter coragem para assumir que a forma como a realidade caminha não é justa e ter coragem para negar essa realidade e não participar dela. Não colaborar com o vazio, o vazio...esse fim eu só consegui escrever depois de uma conversa que tive hoje de manhã. Fiquei muitos dias em crise, pelo filme, por não ter passado no mestrado, por enxergar apenas derrotas nesse ano, enxergar um vazio imenso sobre o que eu vivo realmente e o que eu queria viver, sobre o que eu sou e o que quero ser, sobre viver o que eu acredito ou o que esperam de mim. Ser coerente é um ato de coragem. Como Mano Brown afirmou, o ser humano é contraditório. Só queria ser menos, viver menos nas relações artificiais e viver mais no real, no sólido. É engraçado como as linhas são dispersas, tudo que eu escrevo é uma colcha de retalhos, acho que foi por isso que não passei na prova, a minha cabeça não consegue se focar em algo e isso se reflete no que eu sou, no que escrevo, no que quero e cada dia fica mais difícil seguir um único caminho, até na hora de escrever nesse blog. Eu sento com uma idéia e só vem devaneios. Acho que vou repensar isso antes de me expressar. Afinal para que servem os rascunhos?
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2 comentários:
Má
Não sei se você leu a abordagem do Piza, mas foi talvez a mais interessante que li. A questão da ciência quanto à interpretação dos signos e a insensibilidade de seus intérpretes é um ponto chave. Entre um debate e outro vemos um abismo, 'mundos' que não se comunicam, dois extremos que se 'afundam juntos'.
Eu li sim você me mandou e eu acho que é esse ponto mesmo a chave da questão, a repercussão que certas coisas têm. Nisso muitas vezes o que é mais essencial fica nebuloso em meio a tantas interpretações, tantas leituras de uma única coisa.
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