Olá, bom eu fiquei um bom tempo sem escrever nada aqui, não que isso tenha muita importância porque praticamente esse é um blog não visitado, por minha culpa eu sei já que não o divulgo muito, mas, muitas vezes prefiro que seja assim. Bom algumas coisas eu fiz, já coloquei o link no meu orkut, quer site mais visitado que o orkut.
Bom, eu vim escrever hoje sobre algo que já tinha postado aqui e na ocasião falei que ia escrever sobre isso. A passagem do Mano Brown no Roda Viva. Minhas impressões sobre esse dia inusitado e raro, e só por isso, só pela imagem daquele ser humano alí no meio da "roda viva", só isso já valeria a pena ligar a TV. Mas, enfim, não foi só isso. Mano Brown começou um pouco tímido, acho que é da personalidade dele mesmo, um homem de poucas, porém, intensas palavras. Como faz um tempo que isso aconteceu e minha memória é boa, mas nem tanto, eu tenho guardada algumas passagens dele, como quando ele falou sobre o Lula, que o presidente agiu da forma correta, ele não poderia entregar os amigos, ser um traidor. Uma regra simples e que é muito respeitada na favela, irmão é irmão, a lealdade é uma qualidade imprescindível. Foi marcante também quando ele falou que não quer ser exemplo para ninguém, embora seja, que ele na verdade não é exemplo nem para o filhos, que quando está em local desequilibra o ambiente, por isso vive muito na dele, é um "pai ausente". Uma verdade, realmente sua presença é monumental, é inquietante, pelo simples fato de ser quem ele é, de ser o cara que canta o que canta e de sua forma singular, o verdadeiro poeta do gueto. Alguns entrevistados insistiram em fazer dele um deus, falar que ele tinha que apresentar uma solução pelo rap, pelo movimento, mas, ele não precisa fazer isso, ele nunca disse que fazia isso, muito menos o Racionais ou até mesmo o movimento Hip Hop pode fazer pouco se não houver uma verdadeira mudança no interior das pessoas, todas as pessoas, não importa classe, cor ou qualquer outra característica que nós classifica como assim ou assado. Isso decepcionou alguns, como o jornalista Renato Lombardi, que disse em uma palestra que deu na semana seguinte que o mito tinha se desfeito. Uma frase se encaixa perfeitamente nesse contexto, "não entende o que eu sou, num entende o que eu faço, não entende a dor e as lágrimas do palhaço". Eu conheço um pouco da história dos Racionais, um pouco mesmo porque os caras são bem fechados, dão raras entrevistas, eu tenho todos os cds deles, o DVD e sempre acompanho o que consigo sobre eles, meu trablho de iniciação científica na faculdade foi sobre eles, analisei três músicas deles através da teoria de análise do discurso. Não sei se foi um trabalho muito fiel ao que eles queriam passar, porque isso é muito pessoal, só falando com eles mesmos para saber o que realmente queriam falar. Isso nem o Mano Brown respondeu ao ser perguntado sobre um trecho de uma música. Diante disso, eu posso dizer que para mim essa coisa de mito nunca existiu. Para mim ele, Mano Brown, é um ser humano, contraditório como ele mesmo disse, como todos somos, mas, com uma visão muito clara e ética do que é ser negro, favelado e brasileiro. E isso ele não precisa provar para ninguém, nem ali naquela roda. Isso está em suas letras, na sua música e nas coisas que ele faz no Capão, o que eu sei muito pouco, só sei pelas coisas que li sobre o Ferréz, ele comenta algumas vezes sobre projetos do Brown. Para mim só o fato de alguém escrever o que ele escreve já vale a importância que lhe dão. Minha visão pode ser um tanto parcial, afinal eu tenho uma admiração de fã pelo artista Mano Brown, no entanto, pouco sabia dele como ser humano e no fim, pode ser dizer que eu soube um pouco mais, e não me decepcionei em nenhum momento. Para ele pouco importa o que a "finada classe média" vai achar dessa entrevista, ou até mesmo de toda a sua obra. Acredito que algumas coisas faltaram ser discutidas, mas, isso foi um erro na escolha de entrevistados. Faltou falar de novos trabalhos, de epsódio marcantes como os tumultos em shows, a vontade que ele teve de acabar com o grupo após a morte de um garoto no show que acabou não acontecendo aqui em Bauru, enfim, algumas perguntas ficaram sem resposta, mas, nada que desfizesse a importância da presença daquele ser no meio da roda. Enfim, "Cada favelado é um universo em crise", Mano Brown sabe bem disso.
2 comentários:
Rap pra mim só se for instrumental.
Pois é, ainda bem que gosto é uma coisa bem particular. Sorte de todos.
Postar um comentário